Já foi a época em que a escola de educação infantil era apenas um local para que os pais deixassem suas crianças enquanto trabalham.
Não é à toa que a nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) determina que as crianças devem ingressar a vida escolar, obrigatoriamente, a partir dos 4 anos de idade.
Atualmente, a Educação Infantil é composta pelas crianças de 0 a 5 anos de idade, sendo divididas em maternal ou creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 a 5 anos).
Tudo isso para garantir à criança a oportunidade de conviver em outros ambientes, aprendendo a se relacionar e viver em sociedade, desenvolvendo habilidades fundamentais à formação humana, como resolução de conflitos ao ter que dividir um brinquedo e a solidariedade ao acolher um amiguinho que se machucou, além das capacidades cognitivas e motoras.
Todas estas habilidades também são requisitos do novo mercado de trabalho, conhecidas como soft skills. Sim, o desenvolvimento emocional deve começar desde os primeiros meses de vida da criança. Mas isso é assunto para outro artigo!
E não é só isso!
É na educação infantil que os alunos recebem todo o preparo cognitivo e motor para um melhor desempenho no ensino fundamental, quando iniciarão a fase de alfabetização.
Ainda, muitas pessoas pensam que a escola de educação infantil é “apenas” um lugar para brincar, porém, poucos conhecem a importância da brincadeira para o desenvolvimento das crianças. Kishimoto (2001) afirma que o brincar tem fundamental importância para a criança, segundo a autora através da brincadeira a criança constrói e reconstrói sua linguagem, compartilhando significados, o aluno começa a dominar seu corpo, em trabalhos coletivos desenvolve-se o sendo de cooperação, a expressar emoções e sentimentos, além das trocas de ideias e valores culturais. De acordo com o Referencial Curricular é no lúdico que a criança reflete sua realidade assimilada, criando e recriando atribuindo novos significados os elementos de seu cotidiano, assim “a brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade” (BRASIL, 1998, p. 27).
A brincadeira não é algo fútil, apenas para entreter a criança durante seu tempo ócio, como é para o adulto. A brincadeira é a atividade principal da criança: é uma forma de expressar a visão de mundo, apresentar ações aprendidas no contexto familiar; repetir situações vivenciadas; aprender com o meio; associar objetivos e condutas; demonstrar o desenvolvimento cognitivo e construir conhecimentos, inclusive sobre si mesma.
Ao brincar, a criança conhece o mundo, se apropria dele e aprende a conviver com as leis e regras de convivência, como a sociedade se organiza. O ambiente é um grande laboratório que gera condições necessárias para criar desafios, explorar, investigar, aprender e desenvolver a inteligência e personalidade da criança.
O papel da escola é proporcionar ambientes e meios que estimulem o brincar, para que as crianças vivenciem, na prática, diversas situações do seu cotidiano dentro e fora da escola. Ao brincar de massinha, por exemplo, a criança está fortalecendo a musculatura das mãos e preparando-se para quando precisar usá-las para escrever suas futuras redações. Ou durante uma brincadeira de casinha, quando a criança tem a possibilidade de expressar e demonstrar como ela enxerga a si mesma e aos outros com quem convive, abrindo portas para o autoconhecimento e desenvolver habilidades de inteligência emocional.
Por isso, quanto mais cedo a criança “brinca” de aprender, melhor será seu desempenho escolar ao longo da vida acadêmica. Na escola a brincadeira é uma ferramenta de trabalho, que leva conhecimento e alimenta a curiosidade das crianças, ao mesmo tempo proporcionando prazer pelo aprendizado.